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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Templo da Necrofilia

 
O estrangeiro repousa no vale do silencio
servindo de banquete aos vermes
enquanto seus ouvidos jorram pus
furtando-o das suas atribuições

Aquela garota esquizofrênica não para de repetir o seu nome,
algo semelhante a um  mantra da minha negação  
junto ao vomito negro
dos pedaços das coisas que lhe roubei 

Revolta decomposta
que ocupa o túmulo do meu amor-próprio

Nossas auras dessalobras autenticas
e nossas angustias bulímicas
são lacunas dos decanos futuros
carbonadas de uma dezena pútrida
de presságios semelhantes

Fenda deformada entre suas pernas
Há ali um triste santuário

Asfixia mental
da minha droga cancerígena
e dessa persistente lama podre
da minha filosofia macabra

Nossos vicios nos atraem
como buracos negros prestes a morrer
e os espectros que nos rodeiam
com os espíritos que vagabundeia ao nosso vagabundear
Aberrações que habitam meus desejos.

Dias estranhos...
Meu gozo é um homem canibal
que viva dos restos dos animais
e dos mortos não sepultados

Hó, eu, o venturoso!
Pois o silencio não me abandona
 e ainda estou envolto 
dos meus assombros de estimação
Sádica  e admirável mente perturbada

As bruxas também sabem forjar sorrisos
e seus sorrisos  me tiram o sono
Sorrisos invisíveis a matéria real...

Acuado pela penumbra eu me questiono:
A qual demônio eu preciso vender a minha alma
para não perder aquilo que não tenho?

Necrófilos 
vos digo que meu corpo é seu templo,
e da penumbra que regurgita
as palavras que aqui escrevo.
 


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Depois do Fim
Gosto de fantasiar o impossível Escrevo para atingi-lo Ainda sim quero te ver andando em minha direção Com suas botas chamativas Seu cabelo sujo Seu vestido rasgado Suas curvas... A sua voz deve ser como eu imagino, Forte e delicada Singular O que não é único em você? Queria mais do que só imaginar Alguém deveria me aconselhar a ouvir meus conselhos Um surdo que ouve De onde tiro essas ideias... Rosto sem expressão Olhos de um morto Sonhos não tem vida Uma lembrança sem rosto O gosto sem sabor Mesmo assim eu vou andando por ruas cinzentas, Com seu rosto sem expressão em mim Algo acabou em mim Meu sorriso Meu eu Despertei... Cortei o nervo que liga o que eu sei com o que eu quero Você me diz que esta feliz Me diz que esta triste Mentiu pra mim Me disse a verdade, Mas sua verdade é uma mentira Isso se tornou um vicio Eu não sei o que é mentira Meus ouvidos me enganam. As vezes olho pela janela sem motivo Espero que algo aconteça, Mas nada se altera Ficar aqui é correr em direção a lugar nenhum Devia ir te visitar amanhã de manhã, Levaria margaridas, rosas brancas ou qualquer coisa que me lembre aquele dia, Mas manhãs são frias, Manhãs são como nossos fantasias, Como o dia em que meu brinquedo quebrou, Você me abraçou e disse que tudo ficaria melhor quando eu acordasse, Acordei no escuro Não queria estar ali Não quero sair da cama Dormindo eu posso estar perto da única luz no fim do túnel Cercado por mim mesmo Vou comprar rosas brancas e lembrar desse sonho como a minha melhor recordação que já tive Mesmo que o personagem principal dessa besteira ache isso uma besteira Meu quarto cheio de rosas, Cheio de lembranças, Cheio de mim Cheio de nada. Isso é um pouco estranho Quem sabe triste Isso tudo é tão "eu" O barulho da chuva cheira a algo bom, O cheiro de quando me escondi no seu armário pra olhar seus segredos Alucinações com essa não deveriam acabar Nunca deveriam acontecer Não deveriam ser piores que recordações, Recordações doem como uma chute no estômago Mas já me acostumei Isso tudo chega a ser divertido Ontem o dia estava ensolarado, Dias claros me lembram alguém do meu passado Você faz parte do meu passado, certo? Eu gosto de dias nublados Eu queria que o ontem voltasse, Mas parece tão distante... Restaram memórias estranhas Ontem parecia com você Hoje o dia parece comigo.