Templo da Necrofilia
O estrangeiro repousa no vale do silencio
servindo de banquete aos vermes
enquanto seus ouvidos jorram pus
furtando-o das suas atribuições
Aquela garota esquizofrênica não para de repetir o seu nome,
algo semelhante a um mantra da minha negação
junto ao vomito negro
dos pedaços das coisas que lhe roubei
Revolta decomposta
que ocupa o túmulo do meu amor-próprio
Nossas auras dessalobras autenticas
e nossas angustias bulímicas
são lacunas dos decanos futuros
carbonadas de uma dezena pútrida
de presságios semelhantes
Fenda deformada entre suas pernas
Há ali um triste santuário
Asfixia mental
da minha droga cancerígena
e dessa persistente lama podre
da minha filosofia macabra
Nossos vicios nos atraem
como buracos negros prestes a morrer
e os espectros que nos rodeiam
com os espíritos que vagabundeia ao nosso
vagabundear
Aberrações que habitam meus desejos.
Dias estranhos...
Meu gozo é um homem canibal
que viva dos restos dos animais
que viva dos restos dos animais
e dos mortos não sepultados
Hó, eu, o venturoso!
Pois o silencio não me abandona
e ainda estou envolto
dos meus assombros de estimação
Sádica e admirável mente perturbada
As bruxas também sabem forjar sorrisos
e seus sorrisos me tiram o sono
Sorrisos invisíveis a matéria real...
Acuado pela penumbra eu me questiono:
A qual demônio eu preciso vender a minha alma
para não perder aquilo que não tenho?
Necrófilos
vos digo que meu corpo é seu templo,
e da penumbra que regurgita
as palavras que aqui escrevo.